Depois de você
Tudo muito tristonho
É como não se conhecer
Viver numa família de estranhos
Um teatro de clichês
Como se ninguém lembrasse
O que sabiam fazer
Nem na hora do almoço
Ou até andar direito
Sorrisos maniqueístas
Fabricados por botox
Expressões inexpressivas
Distantes, feitas a fórceps
Uma falsa alegria
Bocas sem graça
Noite sem dia
Bancos sem praça
Tudo mentira...
Depois de você
No mundo não chove
Nada tem a ver
O vento não move
Nem palha sequer
A faca é sem corte
Sem doce é o mel
Os fracos são fortes
Pedra ganha do papel
É um deserto de gente
Um mar de retirantes
Que chegam de repente
Mas que voltam muito antes
Do sibilo da serpente
Daqui para tão distante
Do nunca mais para frente
De onde vieram tantos
Ilustres indigentes?
Depois de você
Nada igual ficou
Vejo o que ninguém vê
Só mesmo eu sei quem sou
Mas não me vejo na tv
Sou um filme que acabou
Uma sombra, um ex-BBB
Nem Bial lembra quem ganhou
Não sei se fui eu quem partiu
Ou foi você quem não ficou
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