Agora, exatamente nessa instantaneidade,
Proporcionalmente e minuciosamente,
Nossas idéias decaem
Perdem toda noção de partilha
Nossos "plânctos" seguem-se  
Compactadamente sem mudanças
Ao fim de cada propagação
Cadê nossas pilhas de nervos?
Onde está nossa mão fechada,
nossos punhos de raiva?
Cadê toda ternura?
Onde está nosso amor, nossa “Ave Maria"?
Já não entendemos a lógica...
A exatidão da matemática,
A sonoridade da música,
A fé do Papa,
A quietação do silêncio,
O caos do inferno,
A imensidão dos céus.
Juntos formamos o sinal da perda
Todos sem objetivos, vulneráveis ao derradeiro
Pendentes a caridade própria.
Estamos eqüidistantes em nossa própria comoção.
Enquanto lá fora corremos
As escadarias esperam por mudanças
Por que projetar protestos contra o que seremos?
É o mesmo que dizer aos surdos
O que os cegos não enxergam em algumas circunstancias.
Somos a realidade do pesadelo de alguns séculos atrás
Somos todos unificados perdidos
Numa estrada longa, num porto sem cais.
Esse grito que é ouvido ao longe
Corresponde ao medo, a dor, ao desespero
Por tudo, por nada, por nada a quem se esconde
Do chão da vida no espelho.
Todos olhamos para os cinco minutos futuros
E todos enxergamos o fim dos seis mil anos passados.
E dá medo viver no obscuro.
Tudo é incerto, tudo é deduzido, nada afirmado.
Compartilhamos a instabilidade do medo
Durante a corrida por oxigênio.
 
Breno Malta
 

Nos deparamos com essa situação...
infelizmente uma realidade.
Breno Malta
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