Lembra, disse que teus olhos eram lindos, e tudo mais.
Lindas, tuas sobrancelhas, bem delineadas.
Você, perguntou-me o porquê, pois não entendia muita bem
essa lindeza.
Ah! Perguntas, tantas perguntas!
Teus olhos, amendoados, grandes, deslumbramento e castanhos, expressam tua alma, e, julgo,
desconhecida de ti mesmo.
E que sou, tu, eles?
Falei de valores, em que valores você acreditava, e pensava comigo mesmo que a gente não conhece as pessoas, de nenhuma maneira.
Posso estar com uma psicótica e nem sei.
Por que sempre intelectualizo tudo?
Você falou que não entendia bem isso.
E quem entende alguma coisa desse mundo?
Falou de alguém, de um passado recente,
Oh! Deus, a tristeza do Adeus!
que preferiu outra,
de um passado mais remoto.
Onde está o amor, jurado antes, por 8 meses?
Onde estão as palavras, que foram ditas?
Lembro do distanciamento que falavas, do que havia acontecido, que durou dois meses, essa crise.
No início, vacilavas em me contar.
Por que contar, por que rememorar, de que adianta?
Na nossa caminhada, pelas ruas, caminhávamos passos largos, rápidos,
com pressa de chegar.
Eram 22:00 h.
Você disse: basta uma vez.
Disse eu: basta uma vez.
Concordávamos.
Mas isso era tudo e faltava muito mais.
No outro dia, fugias de meu olhar.
Escondida por trás das pessoas, de canto de olho.
Não querias ver, nem me olhar.
E eu, desesperado, feito trovador da Idade Média,
Recolhi-me em meu romantismo mórbido e ultrapassado.
De que adianta dizer o que se pensa e dizer que se ama?
Existe o outro, a outra, e essa pode não querer ser amada.
O coração, porque dói tanto teu sofrer?

Um conta-gotas de amor.

Bagé/RS, 20 de janeiro de 2006