Tormento de um poeta

Eis que o poeta das madrugadas,
Depois de vagar pelo deserto a noite inteira,
Apareceu-lhe o fantasma do passado;
E o atormentava de maneira vil e cruel;
E criava para o poeta, mil e uma miragens;
Enquanto o poeta tentava tocá-las;
Elas iam sumindo uma por uma,
Enquanto o fantasma ria incessantemente
Da miséria do poeta que sucumbia na areia;
E enquanto delirava no deserto,
O poeta se depara com os poetas do mal do século,
E todos eles gritavam em coro
“Junte-se a nós, jovem poeta!”
E se já não bastasse todo esse pesadelo,
O fantasma do passado engolia a chave mestra da solução,
E tudo sucumbia em um poço sem fundo.
Quisera o poeta que o pesadelo tivesse terminado,
Mas ele começava justamente quando ele acordou
E o poeta se viu segregado,
No terrível poço do arrependimento!

“Poeta das madrugadas”

o arrependimento é um sentimento terrível!
mais ao mesmo tempo uma matéria da escola da vida.

Salvador, 27/10/06

Everton Rocha Carneiro
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