Uma certa dor que permanece intacta há tempos
Não que deixasse de existir, mas com um certo e reconhecível esforço
Foi esquecida
Mas se retoma a mesma ferida quando é lembrada
Quando é revivida
Quando por um instante sua lembrança me vem a cabeça
De um jeito às vezes até mais persistente
Até mais dolorido
E faz remoer certas lembranças que achava que havia sido esquecidas
Mas não
É como uma tatuagem na alma
Que faz lembrar exatamente a minha existência
São marcas, rastros de um caminho no qual andei
E faz parte de mim então
Mesmo eu querendo que não
Porque é permanente, não há como voltar
Não há como não ter chorado
Não há como não ter vivido
O que se espera de mim
É que possa eu seguir enfrente e continuar a peregrinar
Sobre essa terra tão maldita
E tenho que saber, é difícil acreditar
Em tanta maldade que aqui há
E me misturo a esse mundo
E passo despercebida
Em tanta gente
Em tanta dor
Cada um mais feio do que eu
Cada um mais dolorido do que eu
Fingindo viver em paz
Fingindo ser tão bom
Nem pra admitir do que já foi capaz
Eu assim tão inclusa
E excluída
Faço o mesmo
E vou fingindo viver
E vou fingindo que esqueci
Mesmo que doa
Toda vez que
Eu me ver no espelho.

esse poema é especial, pois trata dos sentimentos como um todo, sentimentos que muitas pessoas sentem, uma dor, uma ferida, tudo o que já passamos, certas culpas ou indignações injustiças que carregamos, que tivemos, fala o modo como as pessoas lidam com as coisas ruins, com o passado, com os seus erros, com os erros do outros...