Tem dia que me dá uma vontade
de fazer um samba.
Pego o papel, o lápis e o violão,
mergulho fundo no sentimento
pra ver se encontro inspiração.
Olho pela janela do barraco
o povo sofrido que mora ali,
gente que busca por trabalho,
outros que não estão nem aí.
Eles me trazem a lembrança
imagens de um circo universal,
com mágicos na arte de sobreviver,
à margem do bem e do mal.
Palhaços que riem sem razão,
equilibristas e trapezistas
a viver na corda bamba...
Assim, levado pela emoção
de um quadro tão pessimista,
algo turvou-me a vista
e quase escrevi meu samba.

Jota Garcia
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