Faz de conta que a vida é assim...
Do jeito que a desenho nos meus versos, do jeito que conto para o mundo, bem do jeitinho que quero.
Sim, sei, ela de verdade nua e crua, não perdoa. Já perdi a conta das vezes que me derrubou.
Tentei mudar, quis rasgar o livro do tempo para esconder o quanto menti dizendo que estava tudo bem.
Me envergonhava lembrar que varri para debaixo do tapete meus percalços.
Por vezes pensei em fugir, viajar no tempo, não estar mais aqui onde estão tatuadas minhas inverdades.
Me imaginei autêntica.
Tentei descerrar a cortina de fumaça que esconde quem sou.
Mostrar no espelho minha cara de palhaço, lavada.
Mas descobri que não posso fazer isso, não seria nada bom, todos precisam de momentos de encantamentos.
O fingir dos versos alimentam sonhos. São necessários para um viver mais leve. Que levem para longe nossas desilusões e perdas. 
Melhor mesmo é ficar no aqui das prosas poéticas.
Continuar a rabiscar risos, beijos roubados, festas de aniversário, encontros românticos, felizes para sempre. 
Deixem-me continuar a pintar no meu horizonte um sol, adormecido nos braços de um arco-íris, sonhando que todo dia é verão.
Ser criança novamente, descobrir felicidade no embrulho de um presente.
Me alegrar com o sorriso de alguém que só precisa de um abraço, um ombro amigo, um abrigo em um  coração que saiba amar de verdade.
Ver o mundo com o caleidoscópio de um poema, virar borboleta, pousar nas nuvens, adormecer abraçada em uma estrela, sonhar que esta longe, muito longe da solidão.

Maria Isabel Sartorio Santos
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